70 Anos em Verso e Prosa

Tenho a sensibilidade dos poetas de enxergar a riqueza do mundo que se esconde nas sutilezas do invisível aparente, mas presente.

Como cronista, escrevi sobre fatos e viagens que marcaram minha trajetória e pequenos enigmas que vão continuar mistérios porque não consegui decifrá-los. Como poeta e cronista  eu quis que as pessoas conhecessem o meu outro lado, o meu interior que se desnuda em cada página e se deixa mostrar por inteiro. Como gente quis projetar minha essência e me permitir que olhares externos penetrassem na incerteza do meu eu. E que tivessem a mesma sensação que senti ao desvendar sustos e encantamentos do cotidiano que se espreitam em cada esquina e em cada canto do mundo.

Cheguei à conclusão de que quando tudo me aborrecer de verdade, quando eu ficar cansado de minhas neuroses e manias; quando as pessoas estivessem demais distraídas, a paisagem perder a graça, a mediocridade instalar seu reinado e anunciarem o coroamento da burrice, vou me lembrar da mensagem que fala de uma riqueza que se encontra na minha mente e se aloja eternamente no coração de quem ama e enxerga a vida como um legado divino que precisamos celebrar todos os dias.